Daí que um palavrão não possa ser usado de animo leve. E foi exactamente o que se viu, no início dos anos 90, quando os trailers dos filmes portugueses os ostentavam de forma luxuriante. Ficou famoso o trailer de Adão e Eva, onde Maria de medeiros dizia: Vai à merda! e o outro Joaquim dizia: Vai tu. E em casa, em frente ao computador, eu comentava: De facto, deviam ir os dois.
Contudo, o meu palavrão preferido é foda-se coiso. No domínio da moda, diria que o foda-se coiso é o Armani dos palavrões. Mas o mais curioso, é que usado de forma isolada, o foda-se coiso não tem a impetuosidade que lhe é pedida. O foda-se coiso, precisa sempre de um auxiliar, da mesma forma que o Jardel precisava do João Pinto para os centros, a Teresa Guilherme do Manuel Luis Goucha, os Gémeos Castro da maratona das amendoeiras. O foda-se coiso precisa – e peço já desculpa pelo vernáculo – o foda-se coiso precisa de um sonoríssimo caralho pah. Um foda-se caralho coiso pah é superior a 200 foda-se coisos. Eu quando estou muito chateado digo foda-se caralho coiso pah, e quando só amuo e abano as orelhitas em sinal de resignação digo simplesmente, foda-secoiso. Na verdade, digo foda-se coiso e lá vou indo.
No domínio dos palavrões, não há ninguém melhor que o pessoal da bola para servir de exemplo, e a esse nível constato com grande inquietude que o palavrão preferido dos jogadores de futebol é: "puta" porreiro pah. A bola vai ao poste e "puta" porreiro pah. Bola fora e "puta" porreiro pah. E até já vi – aqui vos juro – o Liedson a falhar um lance de cabeça, olhar para o céu e quando todos pensavam que fosse pedir ajuda a Deus, apenas disse "puta" porreiro pah.
Arts District Warehouse / Sheft Farrace
Há 6 horas
0 comentários:
Postar um comentário